sexta-feira, 1 de maio de 2009

A Banalização da Unção

Sei que muita gente não sabe o que é unção. Unção é a aplicação de azeite ao corpo ou à cabeça. O costume de ungir era muito comum entre o povo hebreu, no Velho Testamento. A unção era um ato de consagração, isto é, de separação. A unção oficial era conferida aos profetas, sacerdotes, reis e aos utensílios sagrados da Arca do Testemunho e da tenda da congregação. Lembrando, também, que Jacó ergueu um altar de pedras e o ungiu, consagrando-o ao Senhor.
 
Já no Novo Testamento, a unção é conferida aos apóstolos, pastores, profetas, evangelistas, doutores, diáconos e presbíteros - anciãos experimentados. Em Atos, Paulo refere-se aos presbíteros que haviam sido levados ao bispado, dizendo: “Olhai por vós e todo rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos para apascentar a igreja de Deus”.
Mas a unção tem também a finalidade de ungir enfermos. Em Tiago, no capítulo 5, versículo 14, está escrito:
"Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e estes, orem sobre ele, ungindo-o com azeite em nome do Senhor. E a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados". Depois disso, não há nenhuma orientação dos apóstolos no sentido de consagração, além do que já está determinado na Bíblia.
 
Infelizmente, a unção vem sendo banalizada por muita gente. Alguns o fazem sem entendimento; outros, mal intencionados. Há muita infantilidade espiritual. Vejo pastores e pastoras evangelistas - sem capacitação ministerial - a ungir coisas absurdas que não têm nada a ver com o Evangelho, e que não servem para nada a não ser de tropeço na vida espiritual.
 
A fé de muitos cristãos está sendo apoiada em coisas materiais, na forma de contato com Deus. Principalmente a fé dos que se preocupam muito com a prosperidade financeira. Estes, fazem verdadeira macumba evangélica. Que Evangelho alguns estão pregando? O de Deus ou o dos homens?
 
A impressão que tenho é de que alguns estão trocando a glória da cruz e o seu poder por sublimidade de palavras e sabedoria terrena. O grande apóstolo São Paulo, em 1° Coríntios 2:4, nos diz: “A minha palavra e a minha pregação não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria dos homens, mas em demonstração do Espírito e de poder”. Em Romanos 1:16, Paulo nos diz: "Não me envergonho do Evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê", porque nele se descobre a palavra de Deus, de fé em fé, como está escrito: O justo, viverá da fé.
 
Se é pela fé no Evangelho que nós crescemos na palavra de Deus, por que, então, denominamos todas essas quinquilharias ou bugigangas evangélicas como instrumento de libertação e de fé?
 
O justo viverá da fé. Fé no Evangelho - que realmente liberta e transforma, e não aquela apoiada em bugigangas para espantar inveja ou mau-olhado, olho grande, bruxarias e mazelas espirituais. João 8:32 nos diz:" Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará". Quem liberta é Cristo através de sua palavra. Não pensem que um sabonete ungido vai resolver os seus problemas. Você só vai ficar mais cheiroso. Pode tomar quantos banhos você quiser. Isso não espanta mal nenhum. Não há manto sagrado, rosa ungida ou cruz que dê proteção. Não vai adiantar você levar sal para casa, nem azeite, mirra, lençol, pedra, terra, água, mel ungido. Nada disso tem a ver com o Evangelho.
 
Deus não dá sustentação a essas heresias evangélicas, sabem por quê?
Porque Deus não contradiz a sua palavra, nem se associa a técnicas humanas na propagação do Evangelho. Muitas dessas técnicas são baseadas no texto de Atos dos Apóstolos, 19:11 - mal interpretado pela maioria dos pastores. O texto nos diz que Deus, pelas mãos de Paulo, o apóstolo, fazia maravilhas extraordinárias em nome de Jesus. De sorte que até os lenços e aventais do seu corpo eram levados aos enfermos, e as enfermidades desapareciam, e os espíritos malignos saíam.
 
Quando os leigos viam que Deus fazia milagres - em nome de Jesus - pelas mãos de Paulo, em sua ignorância, tomavam do corpo de Paulo seus pertences, pois acreditavam que neles havia poder. E Deus, na sua grande compaixão, por causa da ignorância espiritual deles, operava segundo a graça, porque não sabiam que a cura e a libertação eram realizados em nome de Jesus.
 
A ignorância espiritual na época era muito grande e a prova disso está em Atos 5:15. Eles acreditavam que até a sombra de Pedro tinha poder para curar, mas não há nenhuma indicação ou orientação dos apóstolos aos discípulos no sentido de utilizarem sombras ou objetos materiais em nome de Jesus. Lembrando que as pessoas tomavam à força os pertences de Paulo. A palavra dos apóstolos Pedro e João era uma só: Não temos ouro nem prata, mas o que temos te damos. Em nome de Jesus, levanta-te!